HÁ COISAS
Há coisas que a vida ensina a esquecer
para que não fiquem doendo as retinas
cansadas de esperar para rever
imagens que nos chegam pequeninas:
o galo cantando ao amanhecer,
o gado manso pastando as campinas,
o pai galopando ao entardecer,
a mãe rezando à luz das lamparinas.
Para que não fiquem doendo as retinas
há coisas que a vida manda esquecer:
mangas maduras lá nas verdes grimpas,
olhos d'água que pegam a correr
numa dessas manhãs de chuvas finas
em que o menino quer adoecer.
(poema publicado na antologia Pedras de Minas - Poemas Gerais, p.186)
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5 comentários:
que poema bonito de saudades
vou guardar sempre comigo esses versos:
"Há coisas que a vida ensina a esquecer
para que não fiquem doendo as retinas"
um jeito tão lindo e simples de dizer uma verdade.
um abraço pra ti, Wilson!
Wilson, a vida ensina a esquecer, o poeta traz de volta, que doam as retinas, se esta é a minha sina: ler e ainda me enternecer. Lembranças tantas você me trouxe!
Beijos,
E agora que acabo de pensar em todas elas? :)
Provocante esse poema!
beijo
BF
"imagens que nos chegam pequeninas",
isso, isso! isso é o que, de fato, com todo meu ser, busco!
Abraços!
um primor de poema, wilson.
repito: nenhum outro autor brasileiro, hoje, retrata a infância tão bem quanto você, eterno menino.
so fã demais.
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