Num dia infausto, neste País,
Criou-se o gabinete do ódio.
E o ódio – sódio do mal –
Envenenou refeições
familiares,
E ainda: alastrou suas raízes
daninhas
Pelas redes sociais
E com sua malícia de milícias
Fraturou relações, separou
pessoas,
Insultou, infestou opiniões.
E o ódio seguiu adiante:
Fez-se do amigo próximo
O ex-amigo distante.
O ódio subiu ao pódio do
Poder
E do alto disseminou-se.
Fecundo, gerou uma turma, uma
turba
De insanos e imbecis
Que marcharam em descompasso
De ferraduras,
Batendo continência e orando
para pneus,
Invocando ets, clamando por
Intervenção militar, por
ditadura.
Inflamados, os adeptos da
mitocracia
Insurgindo-se contra o
resultado da democracia,
Invadiram as sedes dos
poderes da República
Quebrando, destruindo,
sujando, até com fezes (os
enfezados)
Tudo o que sua fúria
alucinada alcançava.
Mas como o ódio adoece
Quem dele se apetece,
Acabou sufocado.
Mas mesmo vencido, subjugado
No pós 8 de janeiro,
Foi suplantada a sanha da
insensatez?
Era uma vez o ódio,
Página virada da história
recente?
Pior que não.
O ódio não se rendeu por
inteiro,
Segue incubado em mentes
dementes
Qual peçonha nas mandíbulas
de serpentes.