Canta o galo
e tanto canta
que o canto
lhe faz calo
na garganta.
Como se fosse pouco
o quanto cantara
mais canto exara
até ficar rouco.
Ainda assim não se cala:
tanto mais canta
quanto mais a noite se
aclara.
E da garganta ferida
o canto agora
sai quente e doído
e vai pingar uma gota de sangue
no poço frio da aurora.